Organizar a distribuição dos cuidados com a saúde

Por exemplo, os médicos geralmente sentem-se obrigados a ajudar quando, no local de um acidente ou face a uma emergência a bordo de um avião, oferecem os seus serviços sem compensação monetária. As companhias aéreas oferecem frequentemente compensações aos médicos que tiveram de responder a uma emergência durante o voo, mas isto é mais um reconhecimento do que um pagamento.

Se, em vez disso, as companhias aéreas propusessem um acordo formal de compensação, que convidasse os médicos a indicarem, no momento do embarque, a sua disponibilidade em troca de uma taxa fixa (tornando-se assim os médicos de plantão a bordo), é muito provável que existisse, em geral, uma redução dos serviços médicos aos passageiros.

Se os médicos encarassem este gesto como um contrato e não como uma obrigação moral, muitos deles recusar-se-iam a participar no acordo (preferindo começar as férias no momento do embarque e não no final do voo). Parece-me claro, contudo, que este argumento não pode ser utilizado para o sistema de cuidados com a saúde em geral. Poderíamos imaginar um sistema em que todos os médicos fossem funcionários do Estado e prestassem cuidados seguindo uma obrigação moral.
Tratamento de unha encravada
Num tal sistema, os cuidados com a saúde não seriam mercadorias, no sentido de que os médicos não receberiam remuneração por cada serviço prestado e a escolha dos tratamentos não seria influenciada por considerações financeiras. Poderia ser feita uma analogia entre o papel dos médicos num tal sistema e a forma como a força policial funciona atualmente na nossa sociedade. A segurança pessoal não é uma mercadoria, mas um direito fundamental.

Quando nos sentimos ameaçados, chamamos a polícia, que intervém para restaurar a sensação de segurança (ou para tomar medidas legais, se necessário, etc.). A polícia não cobra por cada chamada e não é paga por cada uma das suas intervenções. Eles agem de acordo com a obrigação de servir e proteger o público, de manter a lei.